sábado, 9 de abril de 2011

Muita dor

Dor, dor, muita dor. Como doeu em mim a tragédia do Realengo. Fiquei muito perturbada. Mesmo sem conhecer nenhuma das crianças mortas, senti demais. Por aí vejo que a dor das famílias das vítimas é impossível de mensurar.

Ao voltar pra casa no dia 7/4/2011 tive uma crise de choro. Deixei minha filha na escola de manhã cedo, como os 12 pais e mães do Realengo. Não conseguia deixar de pensar: foi no Rio, mas poderia ter sido em Brasília, na escola da minha filha, na sala dela. Foi uma tragédia inevitável. Nenhuma medida de segurança teria evitado a ação do psicopata.

No trajeto chorei muito e agradeci a Deus por poder voltar para casa e abraçar minha Laís, a coisa que mais gosto de fazer na vida. Lamentei demais que 12 mães nunca mais vão poder fazer o mesmo. Desliguei o rádio e dirigi rezando por elas.

Cheguei em casa e abracei minha filha com força. Beijei-a muito, sem parar de pensar nas mães do Realengo que nunca mais poderiam fazer isso. Minha filha fará 12 anos no próximo dia 26. O presente que ela tanto queria estava escondido no porta-malas do carro. Antecipei a entrega. O agora nunca havia sido tão urgente. O amanhã ficou por demais incerto.

Sempre tive a consciência de que para morrer, basta estar vivo e nada mais. Posso até deixar pendências com outros, mas nunca com minha filha. Digo a ela todos os dias o quanto a amo e aproveito muito nossos momentos. Não ia querer continuar a viver sem ela. Por isso, choro e rezo pelas mães do Realengo. Deus, dai-lhes força para suportar o insuportável.Como manchetou o Diário de Pernambuco, foram 12 mortos e 190 milhões de feridos. Eu estou entre os gravemente feridos.

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