sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Tá acabando!
Meu mau humor nessas eleições atingiu níveis tão elevados que é até difícil traduzir em palavras. Fui completamente dominada pela campanha do Serra. Estou cheia de ódio e absolutamente intolerante. Exatamente como ele queria, mas pelas razões inversas. Não entendo como um candidato pôde ir tão longe em nome de um projeto estritamente pessoal de poder. O cara botou na cabeça que quer ser presidente do Brasil, não importa como. Parece-me que, em nenhum momento, ele avaliou as consequências de fomentar o ódio religioso, a homofobia, a violência... E como mentiu! Não tenho nenhuma simpatia por Dilma. Mas avalio que sua campanha foi obrigada a despencar o nível para se defender. Afinal, houve sim a tentativa, no início, de fazer um programa focado em conquistas do governo Lula e avanços. Nem vou falar de corrupção em razão do empate técnico. O que mais me irrita e estarrece não é campanha em si, mas a militância da grande imprensa. Senti vergonha de ser jornalista. A cobertura foi tão tendenciosa que alguns jornais, como Folha e Estado de São Paulo, confessaram tardiamente em editoriais o que até o mundo mineral já sabia: eles eram Serra. Tudo bem. Nunca acreditei nessa história de imparcialidade da imprensa. Principalmente por tratar-se de um segmento empresarial com interesses políticos e econômicos bastante definidos, como praticamente todos os outros. Mas o apoio a Serra das quatro famílias que detêm o controle da imprensa no país foi longe demais. Consciente e deliberadamente, os jornalões não se intimidaram em inventar factóides, manipular dados, publicar notícia sabidamente falsa, dar crédito a fontes sem credibilidade nenhuma, omitir informações... Só pra lembrar en passant : ficha falsa de Dilma terrorista (A FSP sabia que era falsa e publicou assim mesmo); a quebra de sigilo fiscal de Verônica Serra (foi só a Carta Capital lembrar que essa garotinha, junto com a amiguinha Verônica Dantas quebraram o sigilo de 60 milhões de Brasileiros, o “escândalo” morreu da noite pro dia, sem qualquer explicação); suposta denúncia na Veja de um suposto empresário que não era sequer funcionário da empresa que negou tudo o que o tal empresário disse que não disse... Um imbróglio daqueles que só a Veja dá conta de fazer. Teve ainda a escandalosa denúncia do empréstimo de R$ 5 bilhões no BNDES que nunca saiu. A fonte desse escândalo foi buscada na cadeia! E por aí vai... A da bolinha de papel assassina vai entrar para a história bizarra do jornalismo brasileiro. Enfim, foi um verdadeiro festival de abuso da liberdade de informação que assisti em estado de choque. Assisti. Não assisto mais. Até para preservar minha saúde física e mental, me limito a dar uma olhadinha nas manchetes dos sites na internet. TV, só a cabo. Warner, Discovery, Universal, Nick... É nos blogs que me informo e me conforto nesses tempos difíceis. Aliás, a internet é grande salvadora dessas eleições. Se por um lado a internet da vazão a panfletos odiosos dos dois lados, por outro, é o antídoto para veneno da grande imprensa, que viu suas historinhas forjadas serem desmontadas com extrema rapidez e competência na blogosfera. Viva a banda larga!
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Sinal de vida no blog mais ranzinza da internet! POW (barulho de champanhe estourando)! Até que enfim, dona Andréa Vieira!!! Concordo com cada linha do que você escreveu. E nem estou de "péssimo humor". De vez em quando, você consegue extravasar sua indignação sem contaminar o estado de espírito alheio...
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