sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Preconceito

Esta semana participei de uma brincadeira interessante. Uma jornalista descolada resolveu perguntar no twitter: você tem preconceito contra o que? Bombou! As pessoas deixaram de lado a chatice do politicamente correto e mandaram ver. Rolou uma profusão de opiniões formadas antes ter os conhecimentos adequados – conceito de preconceito. Parecia confessionário. Ou terapia de grupo, coisa que, aliás, tenho muito preconceito. Teve gente que admitiu ter preconceito contra gordos, orientais, gaúchos (esse eu tenho!), paulistanos, evangélicos, eleitor do Serra, leitor da Veja, quem acha Beatles mais legal que Stones, até contra quem gosta de mortadela! Contra negros e nordestinos, ninguém arriscou. Talvez por medo de um processo. Sei lá. Bem, mas teve coisa bem interessante, que me fez descobrir ou atentar para preconceitos que tenho. Por exemplo, gente que gosta de música baiana, acha o carnaval de Salvador o melhor do mundo, vai a micaretas e sai na rua de abada recebe meu desprezo imediato. Vegetariano? Meto logo a pecha de chato! Quem só come capim não tem condições de ser uma pessoa bacana. O cara que tem uma Hilux ou carro do tipo sem ter fazenda? Pião! Gosta de Bruno e Marrone: brega e ignorante. Preconceito unânime: quem gosta de Paulo Coelho é um imbecil. Para mim, quem diz que “aaaaaama” Clarice Lispector é mentiroso ou um chato sombrio. Teve uma mulher que ficou brava quando tuitei isso. A foto não deixava dúvida: chata, sombria e, provavelmente, vegetariana. Muita gente demonstrou aversão por pessoas que têm carro tipo SUV e só andam sozinhas. Nesse caso eu não tenho preconceito, tenho inveja. O interessante nessa história toda é que a brincadeirinha revelou que temos mais preconceitos do que fios de cabelo e que devemos nos policiar para não permitir que opiniões preconcebidas (muitas vezes equivocadas) virem desrespeito com pessoas que mal conhecemos.

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